Uma das boas coisas que Portugal nos proporcionou foi poder receber amigos em casa. E dois de nossos amigos mais assíduos são Angela e Renato.
Com eles já fizemos bons passeios por Portugal a fora.
Nessa temporada eles também vieram. Vieram e ficaram! Foram comemorar um aniversário com todos os filhos, noras e netos entre Porto e Algarve. Só faltou o genro Pedrão.
Foi nessa ocasião que descobriram um “Porto com crianças”.
A grande questão era:
Como divertir adultos e crianças durante vinte dias em Portugal?
Pois aqui vou contando a seis mãos, as descobertas que Angela, Renato, Artur, de 9 anos, Joana de 5 e Hugo de 2, viveram em terras lusas durante as férias.
Para começar, todos ficaram logo encantados com o bar Base, em frente à Torre dos Clérigos.
Lá os pequenos primos brincavam tranquilamente na grama, enquanto os adultos aproveitavam o sol e bebiam um fino, como chamam o chopp por lá.
Um prazer sem pressa.
De lá, Artur, o neto mais velho, atravessou a rua com a mãe e subiu todas as escadas da Torre para admirar a cidade lá de cima e a irmã e o primo miudinhos lá embaixo.
Desde pequenos, seguindo os passos dos avós e dos pais, caminharam até o Armazém. Uma espécie de galpão em Miragaia, cheio de antiquários e brocantes.
Lá também tem um simpático bar, que serve uma deliciosa sangria.
Os miúdos, como chamam as crianças em Portugal, adoraram percorrer os brocantes vendo os objetos antigos. Dentre eles até um carro!
O entusiasmo dos adultos, faz as vezes de guia para as crianças.
Já o passeio de barco pelas seis pontes do Douro não funcionou muito bem com os pequenos. Demorou mais do que a pequena paciência deles gostaria.
Um passeio que bombou para os pequeninos e também para os grandes foi a visita ao Sea Life.
É um oceanário onde os aquários são em forma de bolha, o que da a impressão de maior proximidade com os bichos, interativo, e que desperta a curiosidade das crianças desde a entrada, pois recebem um papel com pistas que vão sendo desvendadas durante a visita e formam uma palavra que ao final, vale um prêmio.
As crianças gostaram mais do Sea Life do que do Oceanário de Lisboa. E olha que o oceanário de Lisboa é absolutamente espetacular!
Lá passearam por uma zona de sensações onde puderam sentir como é tocar a pele de uma baleia e segurar um ouriço! Sem apertar, para não espetar! Aprender desde cedo sobre a importância da preservação dos mares e perceber o desastre das ilhas de plástico nos oceanos.
Também foram ao Zoo de Santo Inácio em Gaia. E lá puderam ver o momento da alimentação dos leões! Fato que causou sensação, pois os visitantes caminham por um túnel transparente. Caminham como se estivessem ao lado dos leões.
Os leões são alimentados em horários específicos.
Outro passeio imperdível foi o Jardim Botânico do Porto e a galeria da biodiversidade, também interativa.
Lá os pequenos aprenderam sobre miscigenação, DNA, viram a ossada de uma enorme baleia que encalhou em Leça da Palmeira em 1937, brincaram com as percepções olfativas de forma lúdica e muito interessante, o que fez Joana exclamar que seu olfato estava ótimo! Descobriu que era morango! aprenderam sobre biodiversidade através de um enorme painel de sementes de milho, o porquê do ovo ser oval, como uma cobra enxerga o mundo, como a vaca enxerga, fato que deixou Joana penalizada, pois “a vaca não enxerga nada, coitada!” e muitas outras curiosidades da natureza, como um painel com 3.000 caracóis.
No passeio as crianças aprenderam que cada um de nós é um acontecimento único!
Mas os passeios não foram só “cabeça”. As crianças e os adultos se esbaldaram na Piscina das Marés em Leça da Palmeira, uma piscina à beira da praia, com água do mar e o conforto de cadeiras e bar bem próximos. Um sossego para pais e avós e uma farra para as crianças, que não se importam com a água bem mais fria do que estamos acostumados.
Adoraram passear no teleférico de Gaia e o passeio até a praia do Senhor da Pedra, que já mostrei aqui no blog (basta clicar aqui para ler), e a Praia da Luz, no Porto, onde os adultos podem ficar confortavelmente sentados num charmoso quiosque enquanto as crianças brincam na areia.
Fizeram outros passeios também. Muito perto do Porto, foram a Aveiro e passearam num barco moliceiro e em Coimbra visitaram o Portugal dos Pequeninos. E numa carrinha desceram até o Algarve. Lá conheceram o farol de Sagres e aprenderam com o barqueiro, que Lagos já foi uma das mais importantes cidades de Portugal, pois de lá saiam as caravelas, até que o grande terremoto de 1755 destruiu grande parte da cidade e fez com que a cidade perdesse sua importância estratégica. Que a “escola de Sagres” não era uma escola como a que imaginamos, com prédio próprio e diretora, mas uma ideia, um conceito de navegação. Coisa que eu só fui aprender na faculdade de história! E que os portugueses viajaram naquelas caravelas pelo mundo sem waze nem google!
Artur ficou muito impressionado com a sabedoria do barqueiro, que explicou que estudou muito para aprender aquela história que agora lhe contava.
Tudo depois foi registrado por Artur numa redação que era seu compromisso com a professora no Rio de Janeiro, por ter saído de férias mais cedo.
Na redação Artur falou das influências que o Brasil teve de Portugal, da diferença das pronúncias, do acordo ortográfico, de onde veio a canela e outras especiarias, e o que de fato eram especiarias e qual a razão de serem tão especiais a ponto de gerarem riquezas para construírem tantos castelos! E como Portugal, apesar de pequeno, ter tanta história, de como as caravelas tinham tamanhos diferentes, como modelos de carros que melhoram com o tempo, e o que Portugal significou para o Brasil. Enfim, como “é de pequenino que se torce o pepino”, Artur estava viajando e se tornando uma pessoa culta.
Para nossos amigos Angela e Renato, os avós que organizaram a grande viagem familiar, foi um passeio que vai ficar na memória. Como eles mesmos definiram, “uma vivência cultural de nossas origens”.
Ouvir cada detalhe do caminho que percorreram nos fez recordar de nossas aventuras com nossos filhos pequenos, quando alugávamos um carro e saíamos por Portugal sem saber onde iríamos chegar, onde iríamos dormir, e onde iríamos comer. Vivências familiares que temos certeza que marcaram para sempre a personalidade de nossos filhos e farão o mesmo com Artur, Joana e Hugo.
Quem tiver esta chance de viajar com crianças, lembrem-se que elas se emocionam e se entusiasmam com pequenos prazeres. E que são genuinamente interessadas pela vida e pela história. Cabe a nós adultos ampliar ou diminuir sua curiosa idade!