Vinhos – Quinta Dona Maria

 

Um assunto praticamente interminável sobre Portugal são seus vinhos.

Um dos grandes prazeres, meu e do João, durante nossas temporadas de férias é conhecer novos rótulos e repetir nossos preferidos. Dentre esses preferidos estão os vinhos da Quinta Dona Maria.

Experimentamos o vinho dessa adega pela primeira vez num restaurante perto de nossa casa em Lisboa, o Aqui há Peixe. A história do chef desse restaurante vale uma outra conversa hora dessas.

O nome do vinho era motivo de brincadeiras entre Joao, eu, Renato e Angela, nossos frequentes companheiros de viagem. Fato é que o vinho Amantis ganhou um lugar destacado em nossas preferências.

Certa vez, quando voltávamos de uma pequena viagem de carro pelo sul da Espanha percebemos que estávamos muito perto da “nave mãe”, ou seja, estávamos perto da própria Quinta Dona Maria.

Resolvemos então ir conhecer o lugar de produção do vinho que tanto gostávamos.

Fomos assim sem mais, sem planejar, sem pensar. Chegando lá não havia vagas para a visita guiada com degustação.

Falamos que claro que compreendíamos, pois não programamos nada, apenas passávamos por ali e queríamos conhecer o lugar de onde vinha o vinho que alegrou tantas de nossas conversas e almoços entre amigos.

Foi então que a jovem senhora que nos atendia falou mais ou menos assim:

“bom, não posso desconsiderar o fato de que vocês vieram até aqui pelo nosso vinho. Não é uma visita ao acaso, vocês vieram pelo nosso vinho especialmente, portanto aguardem um pouco passeando por nosso jardim enquanto apresento o vinho para um grupo de Singapura e a seguir vou ter com vocês”.

Era a dona da Quinta!

Ficamos então um tempo a vagar pelo belo jardim murado, que possui caramanchão e um lago com uma estátua de Netuno, muito muito romântico.

Quinta Dona Maria

Fomos então nos encontrar com a nossa guia que nos mostrou a Quinta, o lagar de mármore, onde ainda é feita a pisa das uvas, a capela do século XVIII conjugada à casa, que por si só vale a visita.

A Quinta teria sido um presente do Rei Afonso V a uma amante.

Daí o nome do vinho: Amantis!

Uma antepassada do marido da senhora que nos mostrava a Quinta adquiriu a propriedade e mudou o nome da casa, “pois não queria ter uma casa com nome de uma amante do rei”. Foi então que a Quinta se tornou Quinta do Carmo, pois à capela é consagrada à Nossa Senhora do Carmo.

O sogro da senhora que gentilmente nos mostrava o lugar, o senhor Julio Bastos, desenvolveu o trabalho da Quinta e seu vinho venceu um concurso às cegas promovido pela grupo Rothschild, que queria investir em Portugal.

O vinho então se chamava Quinta do Carmo. Nesse vinho ainda é possível ver em seu rótulo a entrada da Quinta Dona Maria. Tivemos a sorte de, um dia, encontrarmos ainda uma garrafa de um 1987 para vender numa pequena loja de Amarante. Intacta, com todo seu vigor!

Vinho Quinta do Carmo

Mas é Dona Maria ou Quinta do Carmo?

O que se passou foi que no negócio com o Rothschild, a Quinta e alguns terroirs não faziam parte do negócio e após alguns anos de muito sucesso o esposo de nossa anfitriã resolveu voltar às origens e empreender sozinho e produzir o seu vinho.

Foi então que voltou a nominar a Quinta com seu nome original Quinta Dona Maria e a produzir o Amantis e outros rótulos como o emblemático Dona Maria Grande Reserva que atingiu conceituação internacional destacada.

Vinho Julio BastosMas creio que a menina dos olhos do lugar é o rótulo Julio Bastos, que o filho fez em homenagem ao pai.

Esse é um monocasta de Alicante Bouschet, uva que no Alentejo ganhou uma qualidade especial.

Para João e eu, o Julio Bastos é o top dos vinhos!

Terminamos nossa visita fazendo uma degustação ao redor de uma mesa de madeira belíssima. Aliás, tudo na Quinta é lindo!

Na Quinta também é possível marcar um almoço ou jantar com a deliciosa comida alentejana, harmonizado com os vinhos feitos ali mesmo. Tudo isso na sala da casa barroca do século XVIII em companhia da dona da casa.

Esse passeio ainda não fiz, mais um para minha lista, lá no lugar das prioridades!

Por fim, não poderia deixar de falar do vinho mais simples que é feito na adega. O Lenda. Esse pode ser comprado em galões a preços bem pequenos, o que permite que todos que apreciam um excelente vinho alentejano possam regar as refeições entre família e amigos com o que há de melhor em Portugal!

Tim tim! Saúde!

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