Esse “post” funcionará de forma diferente. Minha filha Flora me ajuda na escrita, pois os relatos são dela.
Flora morou no Porto durante seis meses e, ao final, convidou uma amiga para juntas fazerem um passeio de despedida de Portugal. Um passeio diferente. Foram para os Açores!
É bem verdade que não era verão, mas a ilha de São Miguel não decepcionou!.
Reza a lenda que o arquipélago dos Açores seriam os picos que restaram da Atlântida desaparecida. Localiza-se bem em cima da Dorsal Média Atlântica, uma cordilheira submarina.
O arquipélago é formado por nove ilhas. Flora e sua amiga visitaram a Ilha de São Miguel, que possui origem vulcânica do período terciário. A última atividade vulcânica na ilha ocorreu em 1958.
O descobrimento das ilhas pelos portugueses possui datação controvertida, mas a tradição oral diz que marinheiros a serviço do Infante Dom Henrique descobriram São Miguel, Santa Maria e Terceira. O que se sabe com segurança é que Gonçalo Velho, um cavaleiro da Ordem de Cristo, a ordem templária de Portugal, comendador de Almourol, chegou na Ilha de Santa Maria em 1431.
Depois disso Dom Afonso V mandou povoar a ilha de Santa Maria. Muitos cristãos novos para lá seguiram, onde ficavam afastados das perseguições religiosas.
Os Açores sempre tiveram importância estratégica durante os descobrimentos, pois eram entreposto das viagens marítimas, fortalecido pelo fato de que os ventos obrigavam as caravelas a “dar a volta ao largo” e passar pelo arquipélago entre o caminho do Atlântico Sul e a Europa.
Flora partiu do Porto e depois de um vôo de duas horas e quinze minutos, chegou ao pequeno aeroporto de Ponta Delgada, um concelho da Ilha de São Miguel.
Seu primeiro passeio foi a uma plantação de ananás em Fajã de Baixo.
Em verdade, os Açores ao longo dos anos desenvolveram atividades econômicas e agrícolas que variaram no tempo. Hoje o ananás, o chá e o gado são muito importantes para a economia local.
Mas o que se tem fartamente são miradouros e belas vistas!
Do Miradouro da Vista do Rei podemos ver as Lagoas verde e azul. O nome teria surgido da exclamação do rei quando vislumbrou a vista e teria dito:
“Essa é a vista para um rei”!
Depois seguiram em direção à freguesia de Sete Cidades, cujo nome vem da lenda medieval da existência de sete cidades (Aira, Antuab, Ansalli, Ansesseli, Ansodi, Ansolli e Com). Existiram ali sete vilas que formaram a cidade que foi denominada de sete cidades e é beirada pelas Lagoas verde e azul.
A lenda local diz que em tempos imemoriais existiu um rei que tinha uma filha muito bonita , de olhos azuis, que passeando pela floresta se encontrou e se apaixonou por um pastor de olhos verdes que tocava uma música. Mas o rei proibiu o amor dos dois e antes de serem separados os amantes derramaram lágrimas infinitas que formaram as duas lagoas. Uma ao lado da outra para todo sempre.
Quando chove, um túnel construído em 1937 auxilia o escoamento da água para o mar. Em épocas sem chuva é possível realizar um passeio percorrendo esse túnel.
Em sete cidades se localiza a Igreja de São Nicolau em estilo neo gótico, do séc. XIX.
O centro de Ponta Delgada é pleno de restaurantes simpáticos onde os pratos são servidos em porções generosas. Lá Flora comeu um dos melhores polvos que já havia provado. Polvo com cuscus de pesto!
Uma curiosidade é que um padre de Ribeira Seca anotou a genealogia de todos os moradores de lá. Ou seja, se sua origem é desta parte dos Açores, grande chance de os dados estarem todos registrados pelo padre Gaspar Fructuoso.
Um passeio muito interessante foi na plantação de chá da empresa Gorreana, fundada em 1874, que produz o chá verde e o preto.
Mas foi em Furnas que a experiência vulcânica foi mais emocionante. O almoço do dia foi cozido em buraco no chão. O calor natural da terra foi o forno.
As carnes e vegetais ficam enterradas na terra vulcânica em grandes panelas por seis horas e depois são servidas nos restaurantes locais. Cada restaurante tem seu buraco e só pessoas autorizadas tem acesso ao local desses “fornos naturais”.
O passeio foi finalizado no Parque Terra Nostra. A entrada custa 8 euros por pessoa e lá é possível alugar toalhas pelo custo de 5 euros. Quando as toalhas são devolvidas, devolve-se 3 euros.
No parque é possível mergulhar em piscinas com águas vulcânicas ferrosas na temperatura de 40 graus! Uma experiência emocionante!
Ilha de São Miguel foi uma bela aventura de despedida de uma fantástica temporada em Portugal!