Belém fica muito próximo de Lisboa e é um passeio do tipo essencial quando se está em Lisboa.
João e eu já fomos várias vezes de autocarro ou de comboio e até mesmo a pé.
Lá há muito para ser visto. Se você pretende ver tudo com calma, um dia não é suficiente.
1. Mosteiro dos Jerônimos
Começo falando do monumental Mosteiro dos Jerônimos.
Em 1496, D. Manuel I pede autorização à Santa Sé para edificar um mosteiro nas margens do Tejo. O rei queria um panteão para sua dinastia.
Antes do Mosteiro, existia ali uma igreja de monges da Ordem de Cristo, os templários portugueses, que davam auxílio aos que chegavam e partiam nas embarcações no Tejo e do Tejo para o mundo.
Assim é que em 1501 a construção é iniciada e só acaba um século depois.
Para custear a construção, D. Manuel destina a vintena da pimenta – imposto de 20% sobre as receitas provenientes do comércio da África e Oriente – que equivalia a 70 quilos de ouro por ano.
A fachada do mosteiro foi construída em calcário de lioz retirado das redondezas. D. Manuel escolheu os monges da Ordem dos Jerônimos para ocupar o mosteiro, com a obrigação de rezar pela alma do rei e continuar com a assistência aos navegantes.
O Mosteiro suportou bem o terremoto de 1755, com poucos estragos.
Em 1833 o Mosteiro é secularizado e entregue à Real Casa Pia de Lisboa, instituição que acolhe órfãos, mendigos e desfavorecidos. Nesse período o mosteiro perde muito de seu “recheio”, que é como os portugueses chamam o mobiliário e tudo mais que guarnece um imóvel.
Em 1898 o tanque do claustro e a cozinha são demolidos. E no IV centenário da chegada de Vasco da Gama à Índia, naquele ano, os túmulos de Luis de Camões e do próprio Vasco da Gama são transferidos para a igreja do Mosteiro.
Foi no claustro do Mosteiro que foi assinado o Tratado de adesão de Portugal à União Europeia em 1985.
Através do programa da Google “Maravilhas de Portugal” é possível a visita virtual ao mosteiro!
O Mosteiro fecha todas as segundas férias, 1 de janeiro, domingo de páscoa, 1 de maio, 13 de junho e 25 de dezembro.
Chega-se lá através do elétrico 15, que se pega em frente ao Cais do Sodré, e pelo ônibus 727,28,729,714,751.
Abre das 10:00 às 17:30 de outubro a abril e das 10:00 às 18:30 de maio a setembro.
Para se visitar a igreja não é necessário pagar, nem enfrentar fila. Já para o claustro, visita que recomendo fortemente, paga-se 10 euros.
Se quiser combinar com a visita ao Museu Nacional de Arqueologia, no mesmo edifício, paga-se 12 euros.
Menores de 12 anos tem entrada livre e maiores de 65, pagam 50%.
2. Palácio Nacional da Ajuda
Outra pérola que podemos visitar quando estamos em Belém é o Palácio Nacional da Ajuda. Uma de minhas visitas favoritas!
Por conta da destruição do Paço da Ribeira após o terremoto de 1755, e pela percepção de que Belém era um local menos afeto a abalos sísmicos, D. José I manda construir um palácio todo de madeira na localidade.
Era chamado de Paço de Madeira, ou “Real Barraca”.
Mas a Real Barraca sofreu com um incêndio em 1794 e parte da construção se perdeu, assim como seu recheio.
Começa então a ser erguido um novo palácio de pedra e cal em estilo barroco, mas a construção foi interrompida e os planos mudaram para adaptação ao gosto neoclássico.
Com a partida da família real para o Brasil, as invasões napoleônicas e a falta de recursos, a construção é interrompida.
Na volta de D. João VI para Portugal, o palácio ainda estava inacabado, mas ainda assim a infanta D. Isabel Maria escolhe o palácio para sua residência.
Lá também foi a residência escolhida por D. Miguel que acelera os trabalhos de construção e reformas do palácio.
Em 1833, com as lutas entre liberais, liderados por D. Pedro IV, I do Brasil e absolutistas, liderados por D. Miguel, a construção é paralisada mais uma vez. Vencem os liberais e D. Pedro IV, como regente, jura a Carata Constitucional na sala do trono do palácio em 1834.
O palácio fica relegado à segundo plano até que D. Luis I, o mesmo que dá nome à ponte do Porto, escolhe o palácio como residência oficial da Côrte em 1861.
Então novas obras e nova decoração são providenciadas para abrigar o casal real. D. Luis e D. Maria Pia, princesa de Sabóia.
As reformas são feitas para modernizar o palácio aos moldes dos confortos do século XIX, como por exemplo, casas de banho com água quente e fria.
Com a instauração da República em 1910, e o exílio da família real, o palácio é fechado ao público e as visitas são possíveis apenas mediante marcação e obtenção de um cartão de autorização, até que em 1968 é aberto ao público em geral.
Como curiosidade, numa das salas do palácio estão para sempre exibidas ao público a mobília que guarnecia a embarcação que levou a família real para o Brasil em 1808. O recheio do navio!
Ainda hoje cerimônias protocolares do Estado português são realizadas no andar nobre do palácio, que foi restaurado com a ajuda de patrocínio privado no projeto “Uma sala, um mecenas”. A mesa dos banquetes é simplesmente espetacular!
O Palácio fica no Largo da Ajuda, no alto da colina. Subir a pé desde Belém até o palácio é possível, mas é uma ladeira das boas!
O palácio fecha toda quarta-feira, 1 de janeiro, domingo de páscoa, 1 de maio, 13 de junho e 25 de dezembro.
Quem não quer subir a ladeira pode chegar lá com os ônibus 729,732,742 e o 60.
A entrada custa 5 euros e estudantes pagam 50%.
3. Museu dos Coches
Outro museu magnífico nas redondezas é o Museu dos Coches.
Sua história começa pela iniciativa da Rainha D. Amélia D’Orleães e Bragança, princesa de França, casada com D. Carlos, filho de D. Luis I e D. Maria Pia.
Inicialmente se localizava no antigo picadeiro real, até que foi construído o novo prédio, bem próximo à estação dos comboios, ainda em Belém.
Parte do acervo ainda é mantida no antigo picadeiro, em homenagem à iniciativa da rainha.
O museu abre de terça à domingo das 10:00 às 18:00
Fecha às segundas, 1 de janeiro,1 de maio, domingo de páscoa, 13 de junho, 24 e 25 de dezembro.
A entrada do museu principal custa 8 euros. A do picadeiro 4 euros. Um ingresso combinado pode ser adquirido por 10 euros.
4. Torre de Belém
Não podemos fechar o circuito sem falar dela, da Torre de Belém! Um pouco adiante, na beira do Tejo. D. João II planejou um conjunto de fortalezas e torres para a defesa do estuário do Tejo, que incluía inclusive navios fundeados prontos para o fogo cruzado.
Na segunda década do século XVI existia mesmo um galeão de nome Botafogo, com armamentos de ponta para a época, pronto a combater ataques de corsários.
É nessa conjuntura que é erguida a Torre de Belém, que fazia parte do primeiro plano de defesa do Tejo.
Mandada erguer por D. Manuel I no lugar onde D. João II imaginara um forte, tem suas masmorras utilizadas como prisão do Estado a partir de 1580.
Uma curiosidade é o fato de uma de suas guaritas ter a representação de um rinoceronte, como marco de um rinoceronte presenteado ao rei em 1514, o primeiro rinoceronte vivo na Europa desde o século III.
Curiosos com o rinoceronte e com a lenda de que eram inimigos de elefantes, o rei promoveu um duelo entre o pobre rinoceronte e um elefante em Lisboa. Ao ver o rinoceronte o elefante fugiu em disparada.
Em outra ocasião o rei decidiu presentear o Papa com o rinoceronte, que foi transportado amarrado num barco que veio a naufragar. Por estar amarrado, o rinoceronte morreu.
Posteriormente recuperado, o rei mandou empalhar o animal e assim mesmo enviou ao Papa como presente. Triste fim.
Da Torre também partiram as embarcações com a família real para o Brasil. Fico só imaginando a realeza “descendo a ladeira” para embarcar para a viagem ao patropi.
Fecha segunda-feira 1 de janeiro, domingo de páscoa, 1 de maio, 13 de junho e 25 de dezembro.
Horário das 10:00 às 17:30 de outubro a abril e 10:00 às 18:30 de maio a setembro.
Entrada 6 euros.
5. Centro Cultural de Belém
Belém ainda tem o Centro Cultural de Belém, onde se localiza o Museu Berardo com acervo de arte moderna e contemporânea, com entrada a 5 euros e o Palácio de Belém, hoje a residência oficial do Presidente da República.
6. Pastel de Belém
E como não poderia deixar de mencionar, é sede do mais famoso pastel de nata. O pastel de Belém.
Todos os dias forma-se uma grande fila para a compra dos famosos pastéis, mas é possível tentar a sorte e se esquivar da fila, se entramos na pastelaria e sentamos numa das inúmeras mesas. O pastel é mesmo muito bom. Crocante e doce na medida certa.