LISBOA E SEUS MUSEUS

Hoje falo um pouco dos museus de Lisboa, sem me preocupar com uma lista criteriosa e objetiva. Minha lista é dos museus que me dão prazer de visitar e revisitar em Lisboa.

  1. Museu do Traje de Lisboa

O primeiro que faço questão de mencionar, não é o mais óbvio. Falo do Museu do Traje de Lisboa.

Museu do Traje de Lisboa

Esse museu começou a ser organizado em 1974 no Palácio Angeja-Palmela, a partir de uma exposição ocorrida no Museu Nacional de Arte Antiga em fevereiro de 1974. O imóvel, por si só, já é um encanto.

Edificado próximo ao que havia sido o Paço de Dom Afonso Sanches, é um imóvel oitocentista mandado erguer pelo terceiro Marquês de Angeja, D. Pedro José de Noronha, que lá intencionava instalar um museu de história natural, aos moldes dos gabinetes de curiosidades famosos à época, o que nunca ocorreu de fato.

No século XIX foi comprado pelo segundo Duque de Palmela, Dom Domingos de Souza Holstein Beck.

Durante a segunda guerra mundial o palacete abrigou uma escola para refugiadas belgas. Ficou em desuso e sem conservação durante toda a década de 60, até que o Estado Português adquiriu o imóvel da família, que temia ocupações por revolucionários de abril de 74.

A primeira diretora do Museu, Natalia Correia Guedes, contou o caso ocorrido em maio de 1974, quando organizavam o acervo do museu e foi visitada por um grupo de revolucionários que haviam ocupado o Palácio da Bulhosa, vizinho dali e cordialmente ofereceram ao museu o guarda – roupa do proprietário do palácio ocupado.

A casa foi entregue vazia para a formação do museu, e quase vinga um projeto de ali instalarem uma escola, que implicaria na remoção da azulejaria setecentista do palácio! Por sorte o projeto não foi aprovado e os azulejos preservados.

Uma curiosidade é que os subterrâneos do museu, na primavera, abrigam uma colônia de morcegos-de-peluche, espécie ameaçada. Cerca de 200 morcegos passam a primavera ali entre o caminho das colônias de hibernação e de maternidade. Morcegos espertos esses! Escolheram um palácio lindo com um belíssimo jardim com um pavilhão neo-gótico, onde hoje se encontra um salão de chá, para passar a primavera, pois ao lado do imóvel, encontra-se o Parque Botânico de Monteiro-Mor, também aberto à visitação.

O acervo do museu é belíssimo. Hoje conta com 38.000 peças de trajes civis e acessórios da aristocracia e alta e média burguesia, do século XVIII até nossos dias.

O museu participa do projeto Google – “We wear culture” e por isso é possível realizar a visita virtual, embora nada substitua a visitação presencial.

Já visitei o museu em três oportunidades e minha impressão é de que essa pérola de museu, para mim, é um “ Victoria anda Albert” na medida e proporções certas.

O museu abre às terças-feiras de 14:00h às 18:00h, de quarta à domingo de 10:00h às 18:00, sendo a última admissão ás 17:30.
Fecha às segundas-feiras, nas terças pela manhã e 1 de janeiro, domingo de páscoa, 1º de maio, 13 de junho e 25 de dezembro.
O endereço é Largo Julio de Castilho – Lumiar
Tel +351- 217 567 620/217 543 920

Fui de metro. Desci na estação Lumiar, na linha amarela e de lá caminhei até o museu, embora o trajeto não seja perfeitamente assinalado.

  1. Museu Nacional de Arte Antiga

Outro museu que considero imperdível é o Museu Nacional de Arte Antiga.

Museu Nacional de Arte Antiga

Criado em 1884, possui o acervo mais relevante da coleção pública portuguesa em pintura, escultura, ourivesaria e artes decorativas europeias e de África e Oriente, possuindo mais de 40.000 itens.

O Palácio em si também tem história e personalidade, conhecido como palácio das janelas verdes.

Erguido pelo primeiro Conde de Alvor, D. Francisco de Távora, após seu regresso da Índia, onde foi vice-rei.

O Távora sofre um processo em 1759 e, ao final, o palácio é confiscado e arrematado em hasta pública.

Passou por proprietários diversos até ser comprado por Paulo Carvalho e Mendonça, irmão do Conde de Oeiras, o Marquês de Pombal.

Em 1883 o imóvel é adquirido pelo Estado português.

Lá residiu também a duquesa de Bragança, viúva de D. Pedro IV de Portugal, o D. Pedro I do Brasil, até sua morte em 1873.

Integram o acervo do museu os painéis de São Vicente, que teria pertencido ao Paço de São Vicente de Fora, pintura que retrata a Corte e vários setores da sociedade portuguesa do século XV.

paineis de sao vicente

Peças que também chamam minha atenção é um quadro raro de Vasco da Gama, um prato comemorativo da execução de Luis XVI da França e a custódia de Belém, mandada lavrar por D. Manuel I para o Mosteiro dos Jerônimos.

O museu fica aberto de terça à domingo de 10:00h às 18:00h
Fecha dia 1 de janeiro, domingo de páscoa, 1º de maio, 13 de junho e 25 de dezembro.
A entrada custa 6 euros, e existem descontos de 50% e 60% para categorias diversas, dentre elas o bilhete família de 4 elementos com ascendência direta.
Crianças até 12 anos não pagam.
O Museu fica na Rua das Janelas Verdes.

Existe também um “combo” de 15 euros para visitação ao museu de Arte Antiga, ao Museu do Azulejo (outra pérola) e ao Panteão Nacional.

Fui caminhando para o museu, mas a informação do site afirma que os autocarros 713,714 e 727 passam por lá.

O museu conta ainda com um restaurante que funciona de terça à domingo de 10:00 às 17:30. Certa vez almoçamos por lá e a lembrança é de ter sido uma refeição correta, tipo bandejão.

  1. Museu Nacional do Azulejo

Já que mencionei o Museu Nacional do Azulejo, emendo a prosa para falar deste outro espetacular museu.

O museu fica no antigo Convento de Madre de Deus, ou Real Mosteiro de Enxobregas.

A construção do mosteiro foi iniciada em 1509, por determinação da rainha D. Leonor e recebeu acréscimos e decoração posteriores por ordem dos reis D. Manuel, D. Pedro II, D. João V e D. José, o que levou a uma mistura de estilos interessantes, desde mudéjar ao barroco.

O museu conta a história do azulejo, a origem do nome azzelij, as diferentes técnicas e estilos e possui um painel antigo que representa Lisboa antes do terremoto de 1755, numa coleção única.

Terreiro_do_Paço_Lisboa

O museu se localiza na Rua Madre de Deus, 4.
Telefone +351.218 100340
  1. Museu Calouste Gulbenkian

Por fim, quero mencionar o Museu Calouste Gulbenkian.

Fundação_Calouste_Gulbenkian

O acervo é composto pela coleção particular de Calouste Sarkis Gulbenkian, um armênio nascido em Cesareia, de família de importantes comerciantes de Istambul, formado no Kings College e que foi um pioneiro nas transações de petróleo no oriente.

Sua coleção abarca arte egípcia, greco-romana, mesopotâmica, extremo oriente, e ocidente, com especial destaque para um setor de obras de René Lalique.

Sua coleção estava dividida entre França, Inglaterra e Estados Unidos, sendo que muitos elementos emprestados ao British Museum, National Gallery, Palácio de Versailles e Fontainbleau.  Além do seu apartamento na Avenue D`Iena em Paris.

Gulbenkian queria reunir toda a coleção em um só lugar, chegando a propor que isto ocorresse em Londres. Porém, um incidente diplomático, quando o governo da Inglaterra declarou Gulbenkian um “technical enemy” em 1942 acabou com as chances da Inglaterra.

Mesmo que tudo tenha sido resolvido, Gulbenkian nunca esqueceu a desfeita e em 18/6/1953, em testamento, estipulou que a coleção fosse reunida em Lisboa!

Depois de muita negociação e resistência dos governos francês e inglês, a coleção foi reunida e hoje quem visita Lisboa tem o privilégio de poder aprecia-la nesse magnífico museu.

O prédio do museu em si é um marco da arquitetura museológica portuguesa.

Jardim_da_Fundação_Calouste_Gulbenkian

Eu particularmente me perco na loja dos livros, onde podemos encontrar obras clássicas editadas pela Fundação Calouste Gulbenkian. Dentre eles obras de Galileu, Giordano Bruno, Tucídides, e por aí vai… Tudo ali, ao alcance de nossas mãos e bolsos.

O museu oferece entrada aos domingos após as 14:00h, para menores de 12 anos e acompanhantes de pessoas com dificuldades motoras.
Os bilhetes podem ser adquiridos para a coleção permanente – 10 euros, para as exposições temporárias e combinados chamados de “ all inclusive” – 14 euros.
Atenção! O museu fecha nas terças feiras. Em viagem com os dominguitos, demos com a cara na porta por não termos essa informação previamente.
Fecha também 1 de janeiro, domingo de páscoa, 1º de maio e 25 de dezembro.

Além de tudo isso, o museu ainda promove concertos de música e atividades no jardim durante os finais de semana. Sorte de quem mora por lá!

Esses, claro, não são os únicos museus de Lisboa. Mas se eu tivesse poucos dias para visitar a cidade, sem dúvida seriam esses museus que eu privilegiaria a visita. São os que gosto sempre de revisitar. Não me canso!

Espero que gostem!

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