Sintra – Parte I

Quando se tem mais tempo para desfrutar Lisboa, um passeio imperdível é ir à Sintra, cuja origem do nome vem do árabe Xintara ou Shantara.

João e eu sempre levávamos os amigos que vinham se hospedar conosco para fazer esse passeio fantástico!

Como vivíamos na Calçada do Duque, bastava descer as escadas até a estação do Rossio. É lá que se pega o comboio para Sintra. Sim, trem em Portugal, “atende pelo nome de comboio”.

O ticket de 24 horas, que mencionei no post Uma breve história do Chiado, não dá acesso a esse trem. É preciso comprar outro no guichet. O primeiro comboio para Sintra sai bem cedo pela manhã e há viagens durante todo o dia, com intervalos de 20 em 20 minutos.

A viagem dura cerca de 40 minutos.

O que posso dizer sobre Sintra? É uma pérola! Sintra, a meu ver, seria a Petrópolis imperial, mas acrescida de castelos e mística. A cidade possui uma grande quantidade de monumentos nacionais.

Ao chegarmos na estação de comboios de Sintra, ainda estamos a 1,5 km do centro histórico.

Da estação já fizemos o trajeto à pé, o que é lindo, pois começamos a vislumbrar a cidade aos poucos. Mas se não se tem tempo ou ainda, dificuldades motoras, ao lado da estação tem um ponto de ônibus que leva aos principais monumentos.

São duas linhas – 434 e 435.

Começo pelo 434

Esse autocarro, nome dado aos ônibus em Portugal, é turístico. Leva a três dos monumentos imperdíveis em Sintra. Com o mesmo bilhete, podemos subir e descer nas paragens, pontos de ônibus que ficam bem próximos à atração da vez. Pode acontecer de as filas serem grandes e termos que esperar pelo ônibus seguinte, que em regra, passa em intervalo de vinte minutos.

 

Primeira Paragem: Palácio Nacional de Sintra

O Palácio Nacional de Sintra, para mim, é o mais bonito de Portugal.

Se localiza no lugar do antigo alcácer muçulmano. Há registros históricos de um geógrafo muçulmano do século XI falando de Sintra como um lugar de maçãs abundantes com quatro palmos de diâmetro!

Durante o passar dos séculos, Sintra era por tradição doada pelos reis de Portugal a suas esposas, o que significava que a renda dos tributos da cidade era destinada aos cofres das rainhas para fazer frente às suas despesas.

Nesse palácio, nasceu o rei Afonso V, ”o africano” e D. João II, “o príncipe perfeito”, foi sagrado rei. Esses são os reis portugueses que aparecem no seriado Isabel rainha de Castela.

D. João II é o rei que promove a viagem de Bartolomeu Dias que vai costeando a África até o cabo das Tormentas, rejeita o projeto de Cristóvão Colombo e assina o Tratado de Tordesilhas com a Espanha.

Foi no Palácio que o rei seguinte, D. Manoel I, “o venturoso”, recebe a notícia da descoberta para o caminho das índias e da descoberta do Brasil e, possivelmente, na sala das pegas, assim denominada em razão das aves pintadas no teto, D. Sebastião teria escutado pela primeira vez a leitura dos Lusíadas, declamado pelo próprio Camões.

Na sala dos brasões, já do período manuelino, é possível ver os brasões das 72 casas da nobreza portuguesa da época. Procure o sobrenome de sua família por lá!  Nessa sala também é possível ver numa de suas paredes, a marca do artesão que teria realizado os trabalhos. Uma marca para os tempos.

Mas é a cozinha, do século XV, meu ambiente favorito! Queria uma cozinha daquelas pra mim!

O palácio sofreu modificações e acréscimos durante os séculos e em 1995 é declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO.

palácio nacional de sintra

O palácio está aberto ao público de 9:30 às 18:00h (até março de 2018) sendo a última entrada permitida às 17:30.

O ingresso, hoje, custa 9 euros para adultos e 7,5 euros para jovens (de 6 a 17 anos de idade). Bilhete família (dois adultos + dois jovens) 32 euros.

 

É possível a compra de ingressos combinados com os demais sítios de visitação em Sintra, com descontos de 5 até 10% no valor do ingresso, a depender de quantos locais se pretende visitar.

Também é possível a compra online, que também oferece desconto.

Após a visita ao Palácio Nacional, voltamos ao ponto do autocarro 434 e, se estamos com sorte, não há filas!

Mostrando o bilhete já comprado perto da estação de trem, seguimos nosso caminho para a próxima paragem.

 

Segunda Paragem: Castelo dos Mouros

O castelo está em ruínas que datam aproximadamente do século IX.

Em 1993 trabalhos arqueológicos no local confirmaram a existência de reminiscências de povoamento de 5.000 a.C. Estamos falando do período neolítico!

Os trabalhos também descobriram artefatos de 1.200 a.C., Idade do Bronze.

No século X sob o domínio muçulmano o castelo era ligado ao Califado de Córdoba.

Os cruzados também estiveram por Sintra e o rei cruzado Sigurd I da Noruega que participou de saques no lugar.

O castelo também sofreu com o terremoto de 1755, que contribuiu um pouco mais para sua ruína, até que no século XIX o rei D. Fernando II, que tinha um particular interesse por história e artes, manda restaurar parcialmente o castelo.

castelo dos mouros

O castelo está aberto de 9:30h às 20:00 no verão e de 10:00h às 18:00h no inverno.

A entrada, se você não comprou o bilhete combinado no Palácio Nacional, custa 9 euros adulto e 7,5 euros jovens. Bilhete família (dois adultos + dois jovens) 32 euros.

 

De volta para a rota do 434 e para a nossa próxima parada.

 

Terceira Paragem: Palácio da Pena

No século XII existia no lugar do atual palácio uma capela de Nossa Senhora da Pena até que em 1503, por ordem de D. Manuel I inicia-se a construção do Real Mosteiro de Nossa Senhora da Pena, da Ordem de São Jerônimo.

Com a extinção e banimento das ordens religiosas em Portugal, o Mosteiro é abandonado e comprado por D. Fernando II em 1836.

Ele recupera o mosteiro para moradia e inicia a construção do que veio a se chamar “palácio novo”.

Após a morte de D. Maria II em 1853, D. Fernando continua com o trabalho de decoração do palácio, e promove a realização das pinturas da sala de visitas, para mim, a mais impressionante, pois são em tromp l’oiel, técnica de pintura que através da perspectiva causa ilusão de ótica e faz mesmo parecer se tratar de mármore esculpido.

Mais tarde D Fernando II conhece uma cantora de ópera e se apaixona, Elise Hensler, e acaba se casando com ela, dizem que a contragosto da família real.

Junto com Elise, que vem a se tornar Condessa d’Edla por ordem do primo de D. Fernando II, governante do ducado germânico de Saxe Corburgo e Gotha à época, projetam e constroem o chalet próximo ao palácio. Esses Saxe Corburgo são parentes do Duque de Edimburgo, casado com a Rainha Elizabeth II da Inglaterra!

Em 1885 morre D. Fernando II e deixa em testamento para Elise nada menos que o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros!

Depois de um processo judicial, D Carlos I consegue um acordo e compra de volta para o Estado português os dois monumentos, pagando 410 contos e permitindo o usufruto do chalet para a Condessa. Ufa!!

Após o regicídio de D. Carlos I e de D. Luis Felipe, Dona Amélia, a rainha, se abriga no Palácio da Pena antes de seguir para o exílio, após o fim da monarquia em 1910.

palacio da pena 2

O ingresso no castelo + o parque (jardins) custa 11, 50 para adultos, 9 euros para jovens e seniores, e 39 euros para família, para quem não comprou o combo. O adicional para a visita ao chalet da Condessa custa mais 1 euro. Esses preços valem até 24 de março de 2018.

Atenção! Esse ingresso permite a entrada nas áreas do Palácio, que fica ainda distante uns 600 metros ladeira acima!

 

Existe um serviço de mini ônibus que leva até mais perto, que passa de quinze em quinze minutos, já dentro do parque, mas que necessita pagamento à parte. Salvo engano custa 3 euros ida e volta.

O ônibus pode transportar um cadeirante por viagem.

Após a visita, voltamos para o ponto do 434, que fica um pouco abaixo da entrada do Palácio e voltamos para a estação ou de volta ao centro.

 

O palácio da Pena e de Sintra oferecem visitas guiadas para as quais não se exige marcação prévia ao custo de 5 euros. Acontecem às 14:30.

 

Visitas marcadas para grupos de 7 também podem ser agendadas, ou mesmo para menor número de pessoas, desde que pago o valor de sete pessoas.

Essa foi apenas uma rota das maravilhas de Sintra!

No próximo post falo da rota 435 e da Sinta do século XIX!

2 comentários Adicione o seu

  1. Angela Lobo de Andrade disse:

    Adoro seus relatos, já dá vontade de ver a cozinha de lá, o chalé de cá, e os retratos do reis!

    Curtir

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